10.3.06

A farsa de Deus


Está intrínseco no ser-humano a crença em uma força superior, um Deus(a) ou Deuses.

Desde o surgimento do homem que este compreende o elemento divino, sendo nos primórdios a natureza, por ser uma força oculta e criadora. Mas, quem foi criado, o Criador ou a criatura? Será que Deus é fruto da mente humana?

Em sua obra Deus e os homens, Voltaire explica que os primeiros governantes da humanidade institucionalizaram um Deus (ou Deuses) para que houvesse o temor a Ele. Esses governantes, após criarem as leis, notaram que a lei poderia ser infringida sem o seu conhecimento e devidas punições, então institucionalizaram a existência do Ser supremo para que as pessoas temessem algo onipresente, de quem não tinham como fugir de Seus olhos e assim não descumprissem a lei. Ao longo da história, aos acontecimentos científicos que os homens não tinham capacidade para explicar eram atribuídos ao poder de Deus. Ou seja, o desconhecido é fruto Dele.

Estamos condicionados a crer na existência e soberania de um Ser onipresente, onipotente e onisciente pelo simples motivo de que já nascemos em um meio que é impregnado desta visão indiscutível.
Existe o milagre? Vamos supor que sim. Se existe o milagre, então Deus é intervencionista. Sim, pois Ele intervém na vida de um indivíduo por meio de uma graça. Mas, se Ele é intervencionista, qual o motivo de Ele apenas intervir na existência de alguns e de outros não? Por que ele simplesmente não interfere na fome, miséria e pobreza? Existe substancialmente o livre arbítrio na visão religiosa? Ou
estamos presos às vontades do Pai?
Por falar nisso, Deus é Pai? As pessoas vão às igrejas e rezam com o objetivo de enaltecer o espírito ou pedir misericordiosamente que o Pai atenda suas preces egoístas?
Não é necessário viver em função das leis do suposto Deus que existe. Bastaria se a sociedade seguisse a ética. E dessa forma, existiria um povo fraterno, sem depender dos tabus, dogmas incontestáveis e do temor.
Entretanto, creio que se as pessoas não acreditassem em Deus, o mundo seria caótico. Pois viveram tanto tempo reprimidas pelas leis divinas, que a partir do momento que esses mandamentos não existissem mais, cada indivíduo iria agir como bem quisesse sem responsabilidade, sem pensar nas conseqüências de suas ações.

Por isso, acredito que é melhor Deus do que o caos.
Mas é bem mais racional a ética do que Deus.

Se o Criador existe, ele é a Natureza, pois ela é que é a verdadeira criadora. Afinal, não é dela que surge tudo?

Já dizia o poeta, Cazuza: "idiota é acreditar nessa idéia de paraíso que nos persegue".