27.9.06

Amizade

Todos somos um. Mas estamos separados espacialmente em "peças", que irão ser unidas quando todos os seres humanos se amarem mutuamente. Os amigos são um bom instrumento para isso. É através deles que se aprende a amar, a sorrir, a dar importância aos fatos simples da vida... e perceber como é fácil ser feliz, como não precisamos de certos subterfúgios... dinheiro, fama, glórias medíocres, aparências infames... pra quê tudo isso? Nossa necessidade é o próximo, o contato, a interação, o amor.
Amigo é uma pessoa a quem você se revela, mostra-se sem máscaras; é com quem você se descobre e acaba descobrindo o outro, cada momento é de aprendizagem, por mais bobo que pareça.
Sabe aquela música... "eu quero ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar..."? No íntimo de cada indivíduo existe esse desejo, ter "um milhão" de amigos. É através deles que você interage com a humanidade; e quanto mais interação houver, mais aprendizagem e transformações vão ocorrer. E pode-se ser amigo de qualquer indivíduo, não apenas os que têm algo em comum conosco ou pertençam ao mesmo grupo social; pertencemos ao mesmo "nível", pois todos nós comungamos da existência. Precisamos uns dos outros numa relação de interdependência essencial: com as diferenças aprendemos a ser tolerantes, com as afinidades aprendemos a amar. E quando o amor é forte e verdadeiro, as falhas humanas tornam-se meros detalhes sem importância...
Sua forma de encarar o mundo é o reflexo da forma como você trata seus amigos... Com sinceridade? amor? alegria? riso fácil? dedicação? tolerância? A construção e eterna moldagem do seu caráter estão intimamente ligados às pessoas com quem convive, conversa, com quem deixa os sentimentos extravasarem.
A "graça" da vida é descobrir as pessoas, fazer amigos, entrar em contato (com-tato) , absorver suas qualidades, entender seus "defeitos", partilhar, unir-se, sentir que não faz parte do "um", mas sim do "todo".
Vamos montar o quebra-cabeças.
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"Gosto de estar ao teu lado,
Sem brilho
Tua presença é uma carne de peixe,
De resistência mansa e um branco
Ecoando azuis profundos
Eu tenho liberdade em ti.
Anoiteço feito um bairro,
Sem brilho algum.
Estamos no interior duma asa
Que fechou"
(Mário de Andrade - "Poemas da Amiga")

5.8.06

Todos somos um


02:47 da manhã: uma bela insônia.
bem, vamos escrever pra ver se o sono chega!

Freud dizia que, quando bebê, o ser humano não consegue distinguir o que "é ele" e o que "é a mãe". Ou seja, o bebê não tem noção espacial e acha que a mãe faz parte dele, que ele e a mãe são um só.
Um dos grandes problemas da modernidade é o individualismo, gerado pelo plano econômico capitalista. As pessoas estão cada vez mais centradas em si, no corpo, na carreira profissional, nos bens, compras e tantas outras futilidades. O sentimento de coletividade deu lugar a sonhos egoístas, competitividade extrema e ao consumismo. Ah, que fique bem entendido que individualidade é diferente de individualismo. Individualidade é o direito do homem como indivíduo de exercer sua personalidade, isto é, manter em si a essência do seu "eu" (se é que existe um "eu"); e individualismo é relativo à anteposição dos interesses individuais aos coletivos: egoísmo, egocentrismo.
Talvez o mundo fosse melhor se o sentimento de "fusão" dos bebês permanecessem em nós. Porque a partir do momento em que eu concebo a idéia de que todos fazem parte de mim, sentirei-me responsável pelo mundo! Afinal, ninguém prejudicaria a si mesmo, não é verdade?
Poderíamos todos "sermos um", mas sem perder a individualidade, mantendo em nós o que nos é precioso, para transmitirmos mutuamente o conhecimento existencial que nos é inerente.

esse assunto me deixou mais sem sono ainda!

27.7.06

Chega de país do futuro. Quero mais Brasil já!

As eleições estão chegando... É uma boa hora pra aderir a este movimento! Nada partidário, religioso ou afins, tudo independente e... politizado! Por um país mais justo, mais democrático! Há espaço pra todo tipo de ajuda, todo o mundo pode dar uma "mãozinha". Não se omita!

[Veja o vídeo de lançamento da campanha]

20.7.06

O ensino superior

Hoje vou abrir um parênteses nos temas existenciais e ser mais pessoal, escrever sobre as minhas escolhas (sinto que vai sair um post enorme).
Escolha do curso superior. Eis uma questão que há pouco me deixava com os nervos à flor da pele. O grande problema é que desde a 8º série eu estava convicta de que iria fazer jornalismo. E mudar de repente uma idéia que já está tão cravada em você não é fácil. A "pulga atrás da orelha" começou quando eu recebi um cartãozinho, dado pela isolada de química, com a tabela periódica impressa e atrás dele continha a seguinte frase: "o seu propósito é aquilo que dá sentido a sua existência". E depois disso eu fiquei pensando..."será que jornalismo dá sentido à minha existência?". Sentido, exatamente, não. Era mais pelo lado da pesquisa, do desenvolvimento de idéias, mas descobri que não tem muito disso na profissão não. Conversei com várias pessoas que estudam jornalismo, com as que já são jornalistas ou com pessoas que de alguma forma tinham algum envolvimento ou conhecimento de causa e a conclusão geral foi que no jornalismo tem muito do "fórmula pra escrever" e que os redatores (que era o que eu pretendia ser) estão submetidos ao editor-chefe, que chega pra você e diz "olha, escreve TAL matéria com tal TEOR"! A idéia de passar o resto da minha vida sentada, dentro de um jornal, desenvolvendo as idéias de um editor-chefe ou mesmo do dono do jornal me deixou meio chocada.
Foi quando decidi por Ciências Sociais, por que eu posso ter habilitação em antropologia. Eu já pensava em fazer antropologia e ciência política num mestrado. Só que o mestrado é específico e a graduação é muito mais ampla. E no curso de ciências sociais são fornecidas três áreas de conhecimento: sociologia, ciência política e antropologia.
Depois de quase duas semanas de crise existencial, surge a luz no final do túnel! Piruca, uma amiga, que estuda jornalismo na unicap e ciências sociais na ufpe, me convida pra ir lá na federal assistir umas aulas pra ver se eu gostava.
Fui lá! hoje!
Eu tinha uma visão completamente diferente da federal. Pelo que as pessoas falam, eu imaginava uma universidade caindo aos pedaços, com cadeiras de madeira todas riscadas e banheiros podres, com papel higiênico por todo lugar, mas definitivamente não é assim. O campus da universidade é gigantesco, e o prédio do CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas) é super limpo e organizado. As salas são bem ventiladas e as cadeiras não são quebradas e jogadas pelos ares como todo o mundo fala, pelo contrário, é bem confortável a sala de aula. Assisti aula de sociologia e antropologia, foram muito além das expectativas. Foram fascinantes, perfeitas as aulas. Os professores são muito comprometidos e responsáveis, e de acordo com os alunos que conversei (todos foram muito simpáticos e atenciosos comigo, muito gente boa o pessoal), os professores não costumam faltar no curso e há monitores a disposição. Fiquei muito encantada com tudo e a visita à universidade me deixou mais confiante quanto a minha decisão: vou escolher mesmo ciências sociais.
A última aula, a de antropologia, foi a que mais gostei. A professora, Lady Selma, bem caricata, vestida bem hippie (segundo ela, está voltando de woodstock), enquanto fumava seus cigarros, dava sua aula... fantástica! Ela faz uma "problematização" do assunto e a sala vira um verdadeiro debate. Foi muito rico e engraçadíssimo! Mas a parte crucial pra mim foi quando ela tava falando sobre grupos sociais, acho, e falou o seguinte: "nós (cientistas sociais) estamos num grupo considerado um 'pouquinho' inferior ao grupo dos médicos. - e após alguns protestos e outros concordando veementemente, ela prosseguiu - mas nós somos um 'pouquinho' mais felizes que eles". Todos concordaram e saiu um "éeehhhh!!" bem grande dentro da sala. Ela falou isso dentro do contexto de que muitos médicos escolhem a profissão por status, e não por que desejavam realmente aquilo. Foi quando eu pensei que, independentemente do prestígio que o curso viria me trazer, eu escolheria ciências sociais porque eu quero, e não por que fulano ou sicrano quis ou achou melhor.
Terminada a aula, me despedi de Piruca (que foi um verdadeiro "anjo" pra mim) e fui pra parada de ônibus, esperar rio doce/cdu, feliz da vida.

19.7.06

A metade da laranja

A nossa sociedade nos induz a sermos "pessoinhas" felizes com nossos pares românticos perfeitos. É o namorado lindo, forte, rico, inteligente e sorridente; a namorada boazuda e...bem, para as mulheres o requisito fundamental é ter fartura em alguns de seus atributos físicos. Esses companheiros "indispensáveis", os quais se passa boa parte da vida procurando, nada mais são que belos "troféis", que são exibidos para uma majestosa roda de amigos e familiares. Será que é necessário? será que vale a pena se sentir inferior por causa desta máscara? dessa superficialidade?
Creio que seja essencial as relações humanas. Quanto mais interagimos com um maior número de pessoas, mais crescemos, evoluímos. Mas isso deve acontecer naturalmente; os amores, amigos, sentimentos e sensações devem fluir. Não saia desesperado de casa pra "caçar" depois de ver um comercial de margarina na tv.


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"Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém"

(John Lennon)

10.3.06

A farsa de Deus


Está intrínseco no ser-humano a crença em uma força superior, um Deus(a) ou Deuses.

Desde o surgimento do homem que este compreende o elemento divino, sendo nos primórdios a natureza, por ser uma força oculta e criadora. Mas, quem foi criado, o Criador ou a criatura? Será que Deus é fruto da mente humana?

Em sua obra Deus e os homens, Voltaire explica que os primeiros governantes da humanidade institucionalizaram um Deus (ou Deuses) para que houvesse o temor a Ele. Esses governantes, após criarem as leis, notaram que a lei poderia ser infringida sem o seu conhecimento e devidas punições, então institucionalizaram a existência do Ser supremo para que as pessoas temessem algo onipresente, de quem não tinham como fugir de Seus olhos e assim não descumprissem a lei. Ao longo da história, aos acontecimentos científicos que os homens não tinham capacidade para explicar eram atribuídos ao poder de Deus. Ou seja, o desconhecido é fruto Dele.

Estamos condicionados a crer na existência e soberania de um Ser onipresente, onipotente e onisciente pelo simples motivo de que já nascemos em um meio que é impregnado desta visão indiscutível.
Existe o milagre? Vamos supor que sim. Se existe o milagre, então Deus é intervencionista. Sim, pois Ele intervém na vida de um indivíduo por meio de uma graça. Mas, se Ele é intervencionista, qual o motivo de Ele apenas intervir na existência de alguns e de outros não? Por que ele simplesmente não interfere na fome, miséria e pobreza? Existe substancialmente o livre arbítrio na visão religiosa? Ou
estamos presos às vontades do Pai?
Por falar nisso, Deus é Pai? As pessoas vão às igrejas e rezam com o objetivo de enaltecer o espírito ou pedir misericordiosamente que o Pai atenda suas preces egoístas?
Não é necessário viver em função das leis do suposto Deus que existe. Bastaria se a sociedade seguisse a ética. E dessa forma, existiria um povo fraterno, sem depender dos tabus, dogmas incontestáveis e do temor.
Entretanto, creio que se as pessoas não acreditassem em Deus, o mundo seria caótico. Pois viveram tanto tempo reprimidas pelas leis divinas, que a partir do momento que esses mandamentos não existissem mais, cada indivíduo iria agir como bem quisesse sem responsabilidade, sem pensar nas conseqüências de suas ações.

Por isso, acredito que é melhor Deus do que o caos.
Mas é bem mais racional a ética do que Deus.

Se o Criador existe, ele é a Natureza, pois ela é que é a verdadeira criadora. Afinal, não é dela que surge tudo?

Já dizia o poeta, Cazuza: "idiota é acreditar nessa idéia de paraíso que nos persegue".

13.1.06

Máscaras pendentes

Às vezes determinados adultos se comportam como crianças. Aliás, não é tão esporadicamente assim, é muito frequente.
Não faço alusão ao comportamento lúdico infantil, mas à postura primitiva. Aquela em que se foge dos problemas, dos verdadeiros sentimentos, da realidade. Nos infantes essa conduta é coerente, pois ainda não possuem senso crítico nem discernimento completamente formados e estabilizados. Mas num certo adulto, é ridículo.
E tudo se transforma numa crosta inebriante de mentiras, falsidade, palavras ocas, formalidades. É quando a cor do olhar fica opaca e o indivíduo se transforma num ator sem palco. Uma eterna personagem. Não há aplausos, muito menos cortinas de veludo vermelhas.
Mas um dia as máscaras caem.
E cabe aos fortes superar os fracos.