22.11.09

Qual o nosso papel dentro do setor de Ações Educativas?

texto para o Educativo FUNDAJ

- Mediação x Monitoria:

Monitoria é mais voltado para repasse de informações.

Mediação tem papel educativo. É importante sim que tenhamos um viés informativo, mas não apenas isso, devemos focar no diálogo como principal instrumento construtor de idéias e fomentador de questões; a partir dos interesses levantados pelo visitante, construir uma conversa que permeie a exposição em questão. É uma troca, ganhamos nós e o visitante. Paulo Freire consagra na contemporaneidade a idéia de que ninguém aprende nada sozinho e ninguém ensina nada a ninguém; aprendemos uns com os outros mediatizados pelo mundo.

“No século XX, o conceito de educação como ensino passa a ser minimizado para dar lugar a idéias socioconstrutivistas, que atribuem ao professor o papel de mediar as relações dos aprendizes com o mundo que devem conquistar pela cognição. A arte tem enorme importância na mediação entre os seres humanos e o mundo, apontando um papel de destaque para a arte/educação: ser a mediação entre a arte e o público.”

[BARBOSA, Ana Mae. Mediação Cultural é Social. Arte/Educação como Mediação cultural e Social/Ana Mae Barbosa e Rejane Galvão Coutinho (orgs.). – São Paulo: Editora UNESP, 2009.]

Para que essa “conversa” não aconteça de forma aleatória e arbitrária, é importante que a gente discuta e estude mais sobre o artista e a exposição de que se trata, conheçamos sua poética, mas sem a ‘neurose’ da certeza do “certo e errado” do que o artista quis passar. Trocar experiências sobre mediação também é algo construtivo, expor (nas reuniões do educativo) os diálogos e questões que foram levantadas. Tem gente que entra na galeria e não quer nem saber de conversa porque já “sabe de tudo”, mas tem muita gente que vai buscando conhecimento mesmo, e é significativo que possamos estabelecer um diálogo que estimule a reflexão. Em relação a grupos de escolas, acho muito melhor quando há dois mediadores porque a mediação fica descentralizada, mais dinâmica, menos formal e mais construtiva mesmo. A última escola que recebi foi na exposição de Águeda Ferrão, Yara tava por lá e fez a mediação comigo, foi bem melhor do que fazer sozinha porque de certa forma desconstrói a imagem de pedestal, o monopólio e monólogo da “moça que vai dar a explicação”. Através da interação e descontração entre nós duas, os alunos se mostraram muito mais participativos e desinibidos do que outros que tive a experiência de fazer a mediação sozinha.

Se tratando de mediação é isso, pesquisar, estudar, trocar experiência entre nós e se voltar aos visitantes através do diálogo, não numa imposição de informações; construir um canal comunicativo a partir das indagações levantadas pelo público, e não ter uma ‘fala pronta’ pra passar a 'gravação' pra qualquer pessoa, porque ninguém é igual e cada pessoa tem uma maneira de pensar, desenvolvimento estético e questionamentos diferentes.