22.11.07

Momento poético! - por mim.

(IN)CERTEZAS

Meus dias
repletos de incertezas
expectativas
numa maré aleatória
de ares
que entram e saem
e minha mente, a todo instante
se mostrando diferente,
mais certa
da incerteza.

Seria certo nessa vida
procurar certezas?
certamente encontraríamos
apenas a certeza
de não sermos certos.

Os que se julgam certos
os que cabem em suas medidas
e em suas certezas
talvez sejam estes os mais
incertos
que de tanta ausência de chão
tanta, tanta... tontos!
preferem crer em certezas
e negar uns caminhos
dos quais não conhecemos os finais
(se é que existem os fins).

Eu, incerta.
prefiro flutuar
passando por entre os ladrilhos
sem me apegar a nenhum
aqui do alto, sou auto.

voyeur do mundo.

13.9.07

Aonde foi parar o "natural"?


Ontem a noite, voltando para casa, me assustei com uma cadela que estava atrás do poste, pensei que fosse uma pessoa (hoje em dia a gente se assusta mais com os animais da nossa própria espécie), mas quando vi era uma cachorrinha vira-lata bem simpática que ficou me encarando! fiquei olhando pra ela também, sem emitir nenhum som mas acho que ela sentiu que eu a apreciava e começou a abanar o rabo! Veio me acompanhando até a entrada do prédio, entrei, ela ficou olhando pra mim com um olhar tão desconsolado... abri o portão pra ver se ela entrava, mas apenas levantou as orelhas e abanou o rabo freneticamente. Certamente se eu a tivesse chamado ou estalado os dedos ela tivesse entrado. Mas tive que entrar no prédio e ela foi embora toda conformada (talvez pensando ''humanos, hunf!").
É impressionante a sintonia que existe entre a natureza e seres humanos... apenas por olhares se consegue comunicar com os (outros) animais... e tem gente que ainda acha que eles são como objetos... Afinal, somos todos elementos naturais, compartilhamos da mesma essência existencial, entretanto fomos perdendo essa naturalidade de acordo com a ''evolução'' da humanidade. As pessoas não se olham mais nos olhos, não costumam ''perder tempo'' com outras pessoas, estamos sempre apressados, cheios de coisas a fazer, resolver, realizar, qualquer outro empreendimento se tornou mais importante do que a convivência, as relações humanas. Caminhamos contra nossa própria natureza; desmatamento, poluição, queimadas, damos fim à nossa própria fonte geradora de vida e energia vital. Até quando a natureza vai aguentar ou quando é que as pessoas irão perceber que estamos todos ligados e que quando prejudicamos alguém ou o meio ambiente é a nós mesmos que estamos fazendo mal?
Fiquei pensando nisso, no caminho do meu apartamento, depois do episódio da cadelinha vira-lata. E quando entro em casa, abro o congelador, está cheio de defuntos lá dentro: galinhas, peixes, bois. Geralmente quem cria cães afirma que jamais comeria a sua carne, ou seja, é tudo uma questão de afeto; mas TODOS os animais têm tanto direito de estar aqui quanto nós, portanto deveria existir afeto para com todos os animais, mesmo os "irracionais" (acho essa classificação um tanto equivocada), pois sempre teremos algo em comum com eles, no mínimo comungamos da existência, do mesmo planeta. Devemos ser o que desejamos ver no mundo, através de nossos pequenos atos aumentamos cada vez mais nossa esfera de ação, modificando comportamentos, tradições, hábitos e ideologias virtuais que não se aplicam a um mundo real... e vivo!




26.4.07

Mudanças



Por mais que você se considere pobre, você faz parte da classe dominante. Só o fato de usufruir da internet em casa já te ''condena''.
Os brasileiros que têm renda per capita acima de 600 reais estão incluídos no grupo de ricos do país, que representam 5% da população.
Vive-se na sociedade do consumo, a sociedade do espetáculo! A mídia oferece, você compra. Criam-se valores deturpados, novas necessidades. A mocinha bonitinha precisa "URGENTEMENTE" comprar uma bolsa nova (daquela determinada marca que as amigas têm). O menino que está no semáforo implorando para limpar o vidro do seu carro precisa URGENTEMENTE de dinheiro para comer (ou para comprar entorpecentes, que aliviam a fome por mais tempo).
A desigualdade é extremista. Enquanto as necessidades da classe dominante são meramente mercadológicas, comprar o último produto, a mais nova tecnologia; as necessidades da classe menos favorecida são as básicas de sobrevivência: alimento, moradia.
A sociedade é feita de pessoas! E são essas que podem modificá-la! Mas aí alguém vai me dizer "ah, mas isso é uma medida de longo prazo", "e eu sozinho vou fazer o quê?"
A mudança é uma longa caminhada... mas um passo a frente e já não estamos mais no mesmo lugar. Pode parecer utopia, mas a partir do momento que você vê as injustiças, percebe o sistema excludente em que se vive e entende que a vida e os seres humanos valem mais do que leis mercadológicas, pode-se dizer que a revolução já começou.


"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente

Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doeça sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro"

(Gabriel Pensador)