20.12.10

Arte do Corpo

O movimento é o sentimento no corpo. Expressão de impactos sensoriais com a vida, com o universo e principalmente com os outros. Lidar com sentimentos alheios é receber estímulos energéticos de diversos tipos em nossa esfera energética. É como um jogo de equilíbrio, as percepções de um fornecendo e recebendo os impactos das sensorialidades emocionais do outro.
Somos como bebês, ávidos por novas sensações. O corpo, em constante expansão, tem sede de desenvolver-se, de chegar a alcances ideais. Experimenta sensações e é através do confronto com o novo que podemos acessar descobertas. O corpo quer sair do vício e se dilatar, expandir-se cada vez mais e reconhecer suas próprias possibilidades criativas e conscientes.
A DANÇA é uma criação performática, analítica. E promove também o sentimento de beleza, que move o criador artístico, por meio lírico, poético, crítico, curioso, e tantas coisas, o Belo, umas partículas de lucidez. Daí, de diversos artistas vêm às pessoas diversas concepções de beleza.
O artista possibilita a observação de expressões descontextualizadas do óbvio cotidiano do corpo e da arte, das estéticas, técnicas e leituras, explorando cada reação corporal, cada vício gestual, investigando seus elos e flexibilizando-os, comprimindo-os e LIBERTANDO-OS. E em suas resoluções, apresenta questões, pois não há soluções, erros ou acertos, há o que existe.
A expressão do corpo é resultado de sua noção de espaço, tempo, fluxo, confiança e comprometimento a concepções sentimentais, ideológicas, investigativas.
A música é um convite a um universo explorativo.
O silêncio também.
E o barulho.
E a vida?

2.9.10

Fotografia na arte contemporânea

A fotografia não é apenas um produto visual, um simples apoio. Pode ser ainda considerada por muitos como apenas um suporte para o desenvolvimento de outras atividades (profissionais, acadêmicas, jornalísticas ou de lazer), mas a fotografia é um canal de expressão em constante evolução, expansão e experimentação na cena artística contemporânea. A imagem fotográfica, ao registrar a experiência, provoca novas percepções, suscita a subjetividade (às vezes escondida pelo ato de olhar o mundo rotineiramente), imortalizando o fato e o espaço captados, contextualizando-os. Antes como um mero recurso funcional, hoje a fotografia se transforma numa fonte de estudos da própria linguagem artística, através de pesquisas experimentais.
Impressa, exposta ou projetada, cotidianamente está presente. A fotografia se integra a várias áreas das atividades humanas, nos meios de comunicação, nos álbuns de família, em recursos documentais. Mas é como suporte artístico que este canal de estudo da imagem proporciona processos criativos na busca de novos patamares do conhecimento, em formas autorais, poéticas, interventivas,fabulosas, vertiginosas, narrativas e até literárias. O congelamento de uma situação pelo artista não é um ato desprovido de criação, mas o início de uma inserção na subjetividade de um realismo virtual, lançado pela fotografia.

23.7.10

Mentiras sinceras não me interessam

Lendo os posts antigos deste blog, que existe desde 2005, percebi como hoje ele ganhou um teor cabeçudo acadêmico. pff
Talvez antes os textos tivessem menos informação, mas tinham mais vigor.
É que a própria vida vai passando por filtros, moldes. A linguagem, crenças, planejamentos, tudo sofre modificações diante do "andar da carruagem" (- como diz minha mãe).

Tudo o que se racionaliza é texto, é teoria.
Deus? - texto.
Carreira? - texto.
Astrologia? - texto.
Religião? - texto.
Currículo? - texto.
Sociedade? - texto.
Política? - texto.
E o que não é texto? o que você testa. EXPERIÊNCIA - algo que ninguém te tira, tua única posse.
O que tem vida,
o que tem vigor,
o que tem mais vontade do que necessidade,
o que tem mais loucura do que padrão,
o que te move sem pensar e não o que pensa pra mover.

Vejam bem meus bens, isso não é um manifesto anárquico, tampouco um ode a irracionalidade.

É um apelo ao coração. O que te move no mundo, o que dá sentido a tua existência?
Fazer bem o que se quer, com vigor e rigor.
Menos rótulos e mais ações, mais VIDA na rotina e menos formalismos.


"Para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim a lua toda brilha, porque alta vive." (Fernando Pessoa)

28.6.10

corpo em foco



que corpo está em questão?
qual o limiar entre corpo e espaço?

a imagem, o som e o corpo são tão difusos quanto o conceito de corpo contemporâneo.

a investigação do corpo;
o corpo que se confunde com o espaço;
a dança oriunda da análise gestual.
o corpo lúdico, orgânico e imaginário, que evoca matéria e espírito.

"Numa situação próxima do vazio; ele (o corpo) não é previamente construído e situado. Ele está num tipo de ausência, de silêncio, de onde tudo pode surgir"
Dominique Dupuy - Le corps émerveillé - n.16 dezembro 1990. p.31-33, p.32

orientação: Roberta Marques - Departamento de Artes Plásticas - UFPE


27.4.10

Professor crítico e transformador

Por trás do processo de desenvolvimento da estrutura educacional, do sistema de ensino, há conjunturas políticas que transformam os vieses pedagógicos abordados. É necessário que o educador se encontre nesse contexto, conheça esse desenrolar histórico para que possa compreender a própria prática educacional no presente.
Embora haja amor, dedicação e até romantismo na forma de se ministrar a educação por parte dos professores recém formados (geralmente são os mais entusiastas da educação pois ainda não se depararam com problemas práticos cotidianos), não se pode desconsiderar o método.
A Proposta Curricular é um documento norteador que 'organiza' de forma hegemônica o ensino. Unificando a educação, os PCN's configuram uma base em que o professor poderá se firmar ou se perder, dependendo se vai lançar ou não sobre este conteúdo um olhar crítico acerca do processo histórico que o desenvolveu. Faz-se necessário que sejam feitas reflexões críticas sobre o próprio método de ensino, pois é a discussão que pode avaliar e transformar as tendências pedagógicas de ensino.
Não se pode afirmar que necessariamente uma ou outra tendência de ensino seja mais ou menos importante, mas percebersuas diferenças e optar e/ou adaptar o projeto educativo para o contexto sociocultural do ambiente em que se vai trabalhar. É a maneira de tratar a educação que vai construir cidadãos ativos na sociedade, portanto um sistema de ensino hegemônico e universalista, como apresenta-se a tendência liberal tradicional, pode tolher motivações particulares de ação em contextos socioculturais que diferem do padrão, pois as generalizações teóricas excluem as peculiaridades referentes a determinados grupos sociais.
Entretanto, como vivemos o processo educacional que se discute e se avalia, estamos sempre propondo modificações e melhorias, ainda que num movimento contrário aos padrões construídos socialmente. A pedagogiarenovada, por exemplo, é fruto deste processo de transformação "em trânsito" do ensino, realizando reformas urgentes que nascem de uma nova consciência nacional do processo educativo que vem sendo construída.
Por todos esses aspectos, ratifica-se a necessidade de que o professor, além da atuação em seu ofício, esteja também 'educando' os próprios métodos educacionais, avaliando criticamente o processo históricos que nos trouxe até aqui. Dessa forma, é possível que amenizemos um pouco as dimensões de interesse político (meramente) e possamos atuar como sujeitos transformadores na evolução educacional.

17.3.10

O educador como proponente da construção de memórias vivas.

Sobre o texto “Sobre Memórias” de Rubem Alves:



O papel do educador não se restringe a passar dados, informações e reflexões acerca de temáticas convencionais. A escola tem tendência a formar “memórias sem vida própria”. Blocos de conhecimento separados e herméticos, encaixotados em pilhas empoeiradas nas cabeças dos alunos. Neste aglomerado é que devem agir as propostas de interdisciplinaridade, promovendo conexões que agem de forma mais estimulante intelectualmente. Além disso, é necessário que professores transmitam “memórias com vida própria”, ou seja, promovam novas experiências aos alunos, fugindo um pouco das discussões convencionais para que o conhecimento desenvolvido cognitivamente penetre na vida prática.
Os dados informativos, fórmulas e datas históricas são importantes, pois juntos constituem um banco de dados que pode ser acessado por toda a vida. No entanto, sem uma memória empírica, a teoria pode ficar vaga e desconexa. A experiência, por ser única, pode não ser tão utilizável quanto a teoria, que generaliza situações, mas é a reflexão crítica acerca da realidade que dá vida a teoria. A constatação pessoal é algo que vai além da ciência, é a construção de uma memória viva, de um jogo de cartas mais rico do que uma pilha de afirmações paradigmáticas.
É a experiência que nos dá o poder da informação, a autoridade do saber vivido. O saber teórico, científico, está disponível em bancos de dados comuns, em que qualquer um pode ter acesso. Entretanto, o saber experimentado só está disponível na memória de quem o viveu. Por isso é tão importante que haja interações interpessoais, para que este saber tão peculiar possa ser multiplicado e compartilhado, tanto entre alunos quanto além muros professor-aluno. O aluno deve ter voz e estar ciente de que seu canal de ação e expressão está aberto e livre de censuras e tolhimentos, pois ele também é um ser detentor de um saber que pode ser confrontado e evoluído.
O ato de estudar significa construir bases firmes que possam hospedar experiências e direcioná-las a um campo produtivo. O ato de ensinar é continuar aprendendo, patinando sob a imensidão teórica sem deixar-se afogar.