20.7.06

O ensino superior

Hoje vou abrir um parênteses nos temas existenciais e ser mais pessoal, escrever sobre as minhas escolhas (sinto que vai sair um post enorme).
Escolha do curso superior. Eis uma questão que há pouco me deixava com os nervos à flor da pele. O grande problema é que desde a 8º série eu estava convicta de que iria fazer jornalismo. E mudar de repente uma idéia que já está tão cravada em você não é fácil. A "pulga atrás da orelha" começou quando eu recebi um cartãozinho, dado pela isolada de química, com a tabela periódica impressa e atrás dele continha a seguinte frase: "o seu propósito é aquilo que dá sentido a sua existência". E depois disso eu fiquei pensando..."será que jornalismo dá sentido à minha existência?". Sentido, exatamente, não. Era mais pelo lado da pesquisa, do desenvolvimento de idéias, mas descobri que não tem muito disso na profissão não. Conversei com várias pessoas que estudam jornalismo, com as que já são jornalistas ou com pessoas que de alguma forma tinham algum envolvimento ou conhecimento de causa e a conclusão geral foi que no jornalismo tem muito do "fórmula pra escrever" e que os redatores (que era o que eu pretendia ser) estão submetidos ao editor-chefe, que chega pra você e diz "olha, escreve TAL matéria com tal TEOR"! A idéia de passar o resto da minha vida sentada, dentro de um jornal, desenvolvendo as idéias de um editor-chefe ou mesmo do dono do jornal me deixou meio chocada.
Foi quando decidi por Ciências Sociais, por que eu posso ter habilitação em antropologia. Eu já pensava em fazer antropologia e ciência política num mestrado. Só que o mestrado é específico e a graduação é muito mais ampla. E no curso de ciências sociais são fornecidas três áreas de conhecimento: sociologia, ciência política e antropologia.
Depois de quase duas semanas de crise existencial, surge a luz no final do túnel! Piruca, uma amiga, que estuda jornalismo na unicap e ciências sociais na ufpe, me convida pra ir lá na federal assistir umas aulas pra ver se eu gostava.
Fui lá! hoje!
Eu tinha uma visão completamente diferente da federal. Pelo que as pessoas falam, eu imaginava uma universidade caindo aos pedaços, com cadeiras de madeira todas riscadas e banheiros podres, com papel higiênico por todo lugar, mas definitivamente não é assim. O campus da universidade é gigantesco, e o prédio do CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas) é super limpo e organizado. As salas são bem ventiladas e as cadeiras não são quebradas e jogadas pelos ares como todo o mundo fala, pelo contrário, é bem confortável a sala de aula. Assisti aula de sociologia e antropologia, foram muito além das expectativas. Foram fascinantes, perfeitas as aulas. Os professores são muito comprometidos e responsáveis, e de acordo com os alunos que conversei (todos foram muito simpáticos e atenciosos comigo, muito gente boa o pessoal), os professores não costumam faltar no curso e há monitores a disposição. Fiquei muito encantada com tudo e a visita à universidade me deixou mais confiante quanto a minha decisão: vou escolher mesmo ciências sociais.
A última aula, a de antropologia, foi a que mais gostei. A professora, Lady Selma, bem caricata, vestida bem hippie (segundo ela, está voltando de woodstock), enquanto fumava seus cigarros, dava sua aula... fantástica! Ela faz uma "problematização" do assunto e a sala vira um verdadeiro debate. Foi muito rico e engraçadíssimo! Mas a parte crucial pra mim foi quando ela tava falando sobre grupos sociais, acho, e falou o seguinte: "nós (cientistas sociais) estamos num grupo considerado um 'pouquinho' inferior ao grupo dos médicos. - e após alguns protestos e outros concordando veementemente, ela prosseguiu - mas nós somos um 'pouquinho' mais felizes que eles". Todos concordaram e saiu um "éeehhhh!!" bem grande dentro da sala. Ela falou isso dentro do contexto de que muitos médicos escolhem a profissão por status, e não por que desejavam realmente aquilo. Foi quando eu pensei que, independentemente do prestígio que o curso viria me trazer, eu escolheria ciências sociais porque eu quero, e não por que fulano ou sicrano quis ou achou melhor.
Terminada a aula, me despedi de Piruca (que foi um verdadeiro "anjo" pra mim) e fui pra parada de ônibus, esperar rio doce/cdu, feliz da vida.

2 comentários:

frassinetts disse...

http://artpad.art.com/gallery/?j34itj2xukk

QUE LINDO!
UAHUAHUAHUAHUAHUAUAHU

JAM disse...

Paulinha....Eu fui aluna de Lady Selma !!!! kakakaka é interessante saber que ela se veste do mesmo jeito até os dias atuais kakakaka

Bem, adorei seu blog, tá lindoooooooooo!!! Falando sobre a escolha da profissao, tive a mesma dúvida que você até optar por caminhos distintos... Vou te dizer o principal conselho que recebi: nao se preocupe excessivamente. Faça o que você acha que vai te fazer feliz...Se nao der, é só tentar de novo. Acreditei nisto e fui em frente...Hoje penso que fiz a escolha correta. Aos 18, 19 é impossível saber o que se quer...Quando lembro que meu vestibular foi aos 16!!! Cara! Com 16 você ter que escolher o futuro!!! É demais. Portanto: calma, relax e acredite: nada é definitivo ou imutável. bjocas e boa sorte ;)